Saiba como o Open Banking facilita o crédito para negativados
Estar com o “nome sujo” no Brasil é sinônimo de inadimplência. Os consumidores dessa categoria têm acesso limitado ao crédito no mercado, ou seja, têm dificuldade de obter empréstimos, parcelar ou obter cartões de crédito. Mas os especialistas apontam que a implementação de um banco aberto tende a flexibilizar a situação dos inadimplentes.
Um dos segmentos de mercado que deveriam passar por mais transformação por meio do Open Banking– o que será bom para os consumidores – é o crédito.
Resumindo, de uma perspectiva de crédito, espera-se que com a chegada do Open Banking traga mais concorrência, mais aprovações, taxas de juros mais baixas de longo prazo e mais alocação de crédito em certos mercados.
O que é o Open Banking?
O Open Banking é um conjunto de regras e tecnologias que permitem às instituições financeiras compartilhar dados e serviços de clientes por meio da integração de seus respectivos sistemas.
O princípio básico do Open Banking é o consentimento do usuário, ou seja, se um cliente (pessoa física ou jurídica) solicita e autoriza a transferência de dados para outra instituição, a empresa deve ser obrigada a compartilhar informações sobre o cliente.
Não é um aplicativo que permite o compartilhamento, nem é um produto. Se os clientes desejarem, eles podem pedir às suas instituições financeiras para compartilhar seus dados por meio dos aplicativos existentes de suas respectivas instituições.
Novos produtos e serviços devem surgir com o desenvolvimento do Open Banking no país, mas sempre seguindo o conjunto de regras estabelecidas para a construção desse conceito.
Cada país pode adotar o Open Banking de acordo com suas próprias condições e permitir, até certo ponto, o compartilhamento de dados, mas, em geral, o objetivo da aplicação das novas regras é promover a concorrência, melhorar a eficiência e fornecer novos produtos aos consumidores.
No Brasil, pretende-se compartilhar dados cadastrais para abertura de contas bancárias, tais como: dados pessoais (nome, CPF / CNPJ, telefone, endereço, etc.); dados de transações (informações de receita, faturas da empresa, extratos, poder de compra, movimentação de conta corrente, etc.); Dados sobre produtos e serviços utilizados pelos clientes (informações sobre empréstimos pessoais, financiamentos, etc.). Tudo deve ser aprovado pelo usuário.
O processo de liberação dos dados vai acontecer de forma gradual ao longo de 2021.
Quais instituições vão participar?
No Brasil, apenas instituições financeiras que operam sob algum tipo de supervisão oficial do BC podem participar.
As instituições financeiras classificadas como S1 (instituições iguais ou superiores a 10% do PIB ou com atividades internacionais relacionadas) e S2 (instituições que representam 1% a 10% do PIB) serão obrigadas a participar no Open Banking. São eles: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica, Itaú, Santander, BNDES, Citibank, Credit Suisse, etc.
Outras instituições aderem voluntariamente ao Open Banking. Instituições de pagamento como Pic Pay, Mercado Pago e Nubank poderão escolher se querem participar do novo ecossistema.
Embora a participação obrigatória não seja efetiva para todas as empresas, uma característica importante do Open Banking é a reciprocidade. Ou seja, todas as empresas participantes têm o direito de receber dados de seus concorrentes, mas com o consentimento do cliente, também serão obrigadas a compartilhar os dados de suas respectivas bases.
Portanto, se a Fintech ou outras instituições voluntariamente participantes quiserem se associar ao Open Banking, ela deve obrigatoriamente compartilhar os dados de seus clientes com quaisquer outros bancos participantes ou Fintechs, se assim solicitarem.
De acordo com a regulamentação do Banco Central, a instituição que recebe os dados tem no máximo 12 meses para acessá-los. Depois disso, o cliente precisa atualizar o formulário de consentimento.
Quais as vantagens do Open Banking?
O Open Banking assume que os dados do consumidor pertencem a ele, não ao banco ao qual está associado.
Hoje, o Brasil enfrenta uma grande assimetria de informação. Por exemplo: se um cliente possui conta no banco A, a instituição possui o histórico de crédito do cliente, por exemplo, isso indica se ele é um bom pagador.
No entanto, se um cliente quiser solicitar um empréstimo no Banco B que não possui conta, terá dificuldades. Isso ocorre porque o Banco B não possui dados suficientes para avaliar se a pessoa tem condições de pagar para liberar crédito, pois o Banco A possui essa informação. Portanto, o Banco B tem maior risco operacional e tende a não conceder crédito.
Assim, o cliente conta com a instituição onde mantém conta e está sujeito às suas taxas, o que incentiva ainda mais o já elevado grau de concentração bancária no país.
O Open Banking visa diminuir essa barreira de entrada, não apenas para democratizar os empréstimos, mas também para democratizar diferentes tipos de produtos financeiros, de forma que bancos, fintechs e instituições de pagamento possam compartilhar informações entre eles e os clientes tenham o direito de escolher a instituição financeira que oferece as melhores condições para cada serviço financeiro.
Na prática, é como se o Open Banking permitisse aos clientes estabelecer seus próprios “bancos”. Por exemplo, a pessoa pode optar por obter crédito no Banco A com a melhor taxa de juros, investir na Corretora B com taxas de corretagem mais baixas e obter um cartão de crédito na Fintech C, que não tem taxa anual.
Portanto, segundo o BC, o Open Banking priorizará a experiência do cliente e a diversidade e representatividade dos participantes.
Como os clientes podem controlar o compartilhamento de seus dados, é mais fácil abrir contas em diferentes instituições e comprar produtos e serviços ao mesmo tempo.
O que muda com o Open Banking?
O compartilhamento de dados é controlado pelos clientes, facilitando a abertura de contas e a compra de produtos e serviços em diferentes instituições ao mesmo tempo.
Isso porque mesmo que você tenha uma conta em uma instituição, não há garantia de que os clientes irão consumir e usar seus serviços. Portanto, bancos ou fintechs que oferecem a melhor experiência em serviços financeiros tendem a conquistar clientes.
Os bancos tradicionais com uma ampla gama de produtos hoje precisam investir mais na experiência do cliente e, hoje, para fornecer melhor experiência em tecnologia financeira, eles precisarão aumentar seu portfólio de produtos e serviços. O sistema bancário aberto estimulará esse equilíbrio entre os participantes do sistema financeiro. A tendência é o surgimento de novos modelos de negócios e mais competição entre empresas, o que beneficiará o consumidor, que terá mais opções e possibilidades de produtos mais baratos.
O que são as APIs do Open Banking?
A API ou interface de programação de aplicativo faz parte do sistema e funciona como uma área compartilhada que pode se comunicar com outros sistemas.
Por exemplo: toda vez que você visita um site, seu navegador só pode exibir informações porque está “conversando” com a API do servidor que hospeda a página.
As APIs fazem parte de muitos programas usados por todos os tipos de empresas – mas também podem ser abertas à comunidade, o que significa que terceiros também podem criar produtos a partir delas.
Muitos sites também usam APIs de redes sociais abertas para criar métodos de registro mais rápidos. Observe quantas páginas fornecem a opção de fazer login com seu perfil de rede social.
Resumindo, a API da rede social é uma forma padronizada de solicitar e usar as informações que os usuários já colocaram lá ao se cadastrarem no site – mas só funciona se o usuário quiser permitir essa integração.
Da mesma forma, o Open Banking propôs que todo o mercado financeiro tenha APIs abertas.
Cada banco, empresa, fintech ou operadora continua com autonomia para desenvolver os produtos que deseja, utilizar a tecnologia de sua escolha e adotar todos os procedimentos de segurança.
A diferença é que haverá uma forma padronizada de falar. A partir deles, muitos produtos e serviços podem surgir para competir com os bancos e empresas de tecnologia financeira atuais ou para complementar os serviços que eles fornecem.
No entanto, se nenhum cliente decidir compartilhar suas informações, eles não poderão acessar os dados.
Vantagens do Open Banking
Conheça as vantagens dos princípios básicos desse sistema:
Ofereça aos clientes mais liberdade e autonomia:
Hoje, a burocracia dentro das instituições é um grande obstáculo para tentar mudar de banco. Além disso, quanto mais longo for o relacionamento com a organização, mais informações ela terá sobre os clientes. Ao migrar, pelo menos algumas dessas informações serão perdidas. Com o banco aberto, os clientes não estão vinculados a esse sistema.
Reduzir custos:
A API aberta cria um sistema mais integrado no qual intermediários podem ser eliminados e o processo pode ser mais rápido e barato.
Mais competição:
O Open Banking diminuiu as barreiras à entrada de novos serviços e produtos, criou um ambiente mais competitivo e ofereceu mais opções aos consumidores.
Como vai funcionar o Open Banking no Brasil?
Segundo o Banco Central, no Brasil, o cronograma de 2021 está dividido em 4 fases.
Fase 1:
A primeira fase começou em 1º de fevereiro. Entre eles, foram abertos os dados, canais de serviço e produtos e serviços fornecidos pelas instituições participantes – como contas de depósito à vista, contas de poupança, pagamentos e negócios de crédito. A primeira fase não envolve o compartilhamento de dados do cliente.
Fase 2:
Na segunda fase, a partir de 13/08, os clientes poderão compartilhar seus dados cadastrais pessoais, como nome completo, CPF / CNPJ, telefone, endereço e dados de transações de produtos e serviços. Suas contas. Tudo isso só pode acontecer com a autorização dessa pessoa.
Fase 3:
Na terceira fase, a partir de 29/10, os pagamentos podem ser iniciados fora do ambiente bancário por meio do Pix. Por exemplo, os clientes poderão acessar serviços como pagamento e consultoria de crédito por meio de aplicativos de mensagens.
Etapa 4:
Na quarta etapa, a partir de 15/12, outros dados sobre produtos e serviços podem ser compartilhados, como informações relacionadas a operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência.
Ainda há um cronograma para 2022, quando outras funcionalidades deverão ser lançadas gradativamente. Ver data:
· 15 de fevereiro: Serviços de compartilhamento e transferências entre contas no mesmo banco e TED;
· 30 de março: Compartilhar o envio de propostas comerciais de crédito com os clientes que aderem ao Open Banking;
· 31 de maio: Compartilhamento de dados de clientes sobre outras transações financeiras, como previdência, câmbio, investimento e seguro;
· 30 de junho: Compartilhamento do serviço pagamentos via boleto;
· 30 de setembro: Compartilhamento das transações de débito.
Como o Open Banking facilita crédito para quem tem nome sujo?
Para a alegria de quem está com o nome sujo no Boa Vista, Serasa ou outras cooperativas de crédito, os limites de crédito não fazem parte do rol de informações que o sistema pode compartilhar. Além disso, o consumidor define quais informações podem ser compartilhadas e por quanto tempo podem ser usadas. Mas deve-se notar que o Open Banking não é anula as dívidas dos negativados. As dívidas dos inadimplentes continuarão sendo computadas e armazenadas até que sejam quitadas.
Portanto, os bancos ainda podem consultar a Serasa antes de decidir se oferecem empréstimos ou cartões de crédito aos clientes.
Um dos destaques do novo sistema é que os limites de crédito não fazem parte da lista de informações que os bancos abertos podem compartilhar. O motivo é a exclusão de agências de crédito (como SPC e Serasa) do Open Banking.
Em função da transparência das informações bancárias alcançadas por meio do Open Banking, os negativados não ficarão apenas marcados pela inadimplência. Uma análise mais profunda de sua capacidade de pagamento aumentará suas chances de solicitar empréstimo ou cartão de crédito para negativado.
O Open Banking irá revolucionar o mercado financeiro, deixando o cliente com mais poder de escolha na hora de escolher o melhor banco para ele. E fazendo com que os bancos tenham mais qualidade de atendimento e taxas mais competitivas entre eles, fazendo com que eles tenham que lutar pelo cliente.
Além de escolher o melhor banco para você, também é importante saber escolher o cartão de crédito que mais trará vantagens para seu bolso! Nossos especialistas financeiros fizeram uma lista com os melhores cartões de crédito, para te ajudar na hora dessa escolha tão importante para sua saúde financeira, assim você pode ter a certeza que está fazendo uma boa escolha!